Tuesday 29 November 2011

Primeiro post sobre música: acerca das experiências.


Inicialmente eu gostaria de me desculpar por não ter postado sobre a segunda maior paixão da minha vida antes. Ainda, gostaria de dizer que tentarei (muito) ser sucinto, mas alertar que o seguinte assunto trata-se de algo sobre o qual já filosofei bastante, mas que tornarei a abordar posteriormente.

Bom, antes de mais nada, eu tenho que explicar mais ou menos o padrão que eu sigo ao escutar música. São em torno de 12 horas diárias dedicadas a essa atividade, com desvio padrão de 3 horas aproximadamente. Eu baixo de 5 a 10 novos álbuns por dia, em tempos de “chatice” quando não encontro nada de muito especial para escutar. Quando algo fenomenal aparece (digamos, um novo disco do Anaal Nathrack) eu posso passar até duas semanas seguidas escutando praticamente só esse álbum, intercortado por algumas outras coisas “não muito especiais”. A outra possibilidade é eu encontrar uma nova banda fenomenal: daí eu baixo a discografia inteira e, em geral, passo algum tempo (até um mês, se ela for REALMENTE fenomenal) escutando praticamente só essa banda, variando entre as horas diárias que eu dedico ao álbum da vez (ou da semana, coloquemos assim). Após esses excelentes momentos de puro êxtase, eu decido que enjoei completamente daquela banda, e volto aos tempos de “chatice”. E assim vai...

Eu nunca consegui entender como alguém consegue escutar sempre as mesmas músicas por anos a fio. Eu tenho mais ou menos 15 mil músicas no iTunes e mais uma coleção de 700 cd’s (dos quais só tenho acesso a um pouco mais de 100 no momento), e várias vezes eu me encontro tendo um ataque porque não tenho “nada” pra escutar. Em tempos de “chatice” extrema o número de álbuns baixados aumenta em 50% eu diria...

Bom, toda essa explicação serve apenas para sustentar a minha ideia acerca das experiências. Música, assim como qualquer outra manifestação artística, gera experiências totalmente distintas em diferentes pessoas. O Felipe Gawryszewski certa vez me falou que ele pagaria bastante dinheiro num quadro que achasse muito bom, mas que não pagaria praticamente nada num disco. Eu não me importaria de pagar 100 dólares num único disco dependendo do que fosse! Claramente a dicotomia pintura X música nos garante experimentações e sensações extremamente diferentes. Porque isso acontece talvez seja assunto para um próximo post.

De qualquer maneira, sabe quando você coloca uma roupa e “sente” que está de camiseta? Pouco tempo depois você não sente mais certo? Bom, essa sensação fisiológica causada devido à monotonia da camiseta me serve bem como analogia para o que sinto escutando música. Nas primeiras vezes que sou exposto a certa música (ou álbum) que seja muito bom, a sensação de excitação é enorme, mas depois de um tempo chega a monotonia. E, assim como qualquer ser-humano, eu me vejo forçado a tentar repetir aquela sensação única de prazer, incessantemente procurando novas músicas que façam o serviço.

Por incrível que pareça, a “sensação” à qual me refiro pode, na realidade, ser das mais diversas. Escutar algumas músicas te dá vontade de sair sorrindo num dia ensolarado e (como diria o Traidor tentando expor algo bonito num sentido bucólico) beijando e abraçando as crianças. Outras, de ficar sozinho num quarto escuro com tudo de mais sombrio ultrapassando seu corpo como uma névoa fantasmagórica. Independentemente, a sensação de novidade e de êxtase é a mesma.

Com certeza eu não sou o único no mundo que me sinto assim, vide o fato de que são lançados mais álbuns de Metal e Hard Core no mundo do que de qualquer outro tipo de composição musical.

Para finalizar, compartilho com vocês a sensação maravilhosa da vez: Cynic. Escolher uma música que represente o que sinto é difícil mas, depois de dias escutando, essa ainda me faz arrepiar toda vez que entram as duas vozes cantando juntas.


Sunday 27 November 2011

A culpa é da banana!

Há algum tempo atrás, recebemos uma propaganda de uns religiosos na rua comercial de Adelaide. Só fomos prestar mais atenção no treco hoje, e... nossasenhoradosmilagres, inacreditável! Aquela velha história da banana tava lá, como o “pesadelo dos ateus”. Quem não conhece esse argumento mais que fantástico, tem o vídeo explicando direitinho toda a filosofia clássica dessa belezura:



Assistam, vale a pena.
Então, basicamente, a banana explica a existência de um deus lindo e perfeito que faz tudo encaixadinho pra nós, seres humanos, imagens dele, ó senhor da banana!

O contra-argumento vem rapidinho, né? E o pequi? E o abacaxi? E a jaca? E quase todas as outras frutas que não são no formato da nossa boca? O pequi é um lindo contra-argumento, coisa mais sem-jeito do mundo! Acho que deus tinha algo contra os goianos (e os do quadradinho tb!)

Enfim, argumento show de bola dos criacionistas! Deus nos ama e faz banana pra gente! Nem vou discutir os outros pontos, porque ninguém que tá lendo aqui vai querer saber o óbvio...

“Olha a banana, olha o bananeiro! Banana! É coisa nossa!” – Bem que dizem que Deus é brasileiro!

Mas essa NÃO era a melhor parte do negócio! (como pode?)
Ainda tinha muito mais de onde isso veio... Esse era apenas o primeiro teste (de 6!)

Veja aqui: http://ims.truepath.com/atheist.html (eu só achei em inglês...)

Os primeiros testes são argumentos criacionistas super furados, tentando falar sobre design inteligente e essas coisas... falando mal de Darwin, etc, etc...

 Entre todas as bobeiras encontradas nesse teste, o que mais me chamou a atenção foi a última (o teste 6), pq não se trata de um absurdo contra uma teoria científica, mas sim porque tenta incutir um sentimento de culpa nas pessoas... que aliás, acho que é como todas as religiões sobrevivem! Isso devia ser proibido! Olha o quão absurdo é...

Eles pedem pra você responder sobre os dez mandamentos (sim ou não):
1-  Se você sempre amou o criador com alma, coração, mente e força;
2-  Se você faz de deus a sua imagem, um deus pra te servir;
3-  Se você já usou o nome de deus em vão;
4-  Se o seu sábado é sagrado;
5-  Se você sempre honrou seus pais;
6-  Se você já matou alguém – Preste atenção que tem um adendo aqui: assassinato, pra deus, é a mesma coisa que odiar alguém... (aham, tá!)
7-  Se você já cometeu adultério – Outro adendo: adultério inclui sexo antes do casamento e luxúria!
8-  Se você já roubou – E ainda colocam que o valor é irrelevante...
9-  Se você já mentiu;
10 Se você já foi materialista ou ganancioso

Ou seja, todo mundo vai responder que já quebrou todos esses mandamentos, ou pelo menos a maioria deles, né? Aí que vem a pior parte do discurso (seguido de uma figurinha do martelinho do juiz te declarando culpado):


"Se você já quebrou algum mandamento, você é um pecador. Você pecou contra deus e vai morrer por isso, envolto em sua própria vergonha..." Mas calma! (ironia mode on)

Deus não quer que você vá para o inferno (porque ele é bondoso, lembra? Ele faz banana pra gente!). 

Você tem só que fazer isso:

1.  Pedir desculpas por ser um pecador
2.  Perceber que o pecado te separa de deus e querer mudar isso
3.  Entender que Jesus sofreu seu pecado e culpa pra te dar o poder para obedecer
4.  E convidar deus pra entrar na sua vida como seu senhor salvador, através da prece

Gente, primeiro que, que poder é esse para obedecer? Esse poder para obedecer eu não quero não, sério...


Eu não entendo quem consegue (pq pra mim isso pode até ser considerada virtude) acreditar numa coisa dessas... Eu juro que eu tento (entender, pq acreditar eu já desisti).

Eu não sei pq as pessoas não tentam se concentrar em ser felizes e viverem em paz, e param com essa cultura de culpa, medo e merecimento.

E, além disso, ainda usarem de desculpas religiosas pra expressar abertamente seus preconceitos. Com a cobertura da religião, podemos ser racistas, homofóbicos, xenofóbicos, machistas, especistas e um monte mais de óbicos e istas pela frente.


Mais do que atéia, sou cada vez mais contra a religião por si só. Em nome do “amor” e do “respeito” o mundo só se odeia e se desrespeita! Quão contraditório isso é?


Hoje posso dizer que eu sou atéia por um mundo melhor.